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sábado, 26 de janeiro de 2013

Uma tal de Állyce








 Revista Simplismente Mulher _ Março de 2012

Coluna_ Mil Palavras



                                                       A Pessoa Errada


  Pensando bem, em tudo que agente vivencia, vê, ouve e pensa... sem sombra de dúvidas podemos tirar ao menos uma conclusão sensata:  NÃO EXISTE UMA PESSOA CERTA PRA GENTE.
  Na realidade exite uma pessoa que se você for parar para pensar è a pessoa errada.
  A pessoa errada te faz perder a cabeça. Cometer loucuras, esquecer do tempo... buscar o impossivel,  o improvavel... as vezes ela pode esquecer de você, faze-lo morrer de amor. Essa pessoa te deixará chorar, sofrer, fazer com que perca o sono.
  Ser inconsequente com seus sentimentos.
   Não respeitará seus limites, nunca saberá distinguir o certo do errado. Muitas vezes irá te magoar, mas depois enche-lo de mimos.
   Uma hora essa pessoa vai acabar enxugando suas lágrimas.
   Vai simplismente sorrir e seu coração voltará a bater bobo e ingênuo novamente. Como sempre. Os maus momentos não existirão mais, será como se ela fosse mesmo a pessoa certa.
    Seus olhos voltarão a brilhar.
    No fim, vai acabar descobrindo que a pessoa errada e na realidade a pessoa certa. Seus defeitos e total fata de compatibilidade e o que fazem serem perfeitos um para o outro. E o que os completa.
     O certo, as vezes torna-se certo demais, sem emoções, surpresas ou a permissão de poder se arriscar. Se torna chato, cotidiano, previsivel.
       O errado é excitante, apaixonante, surpreendente a cada dia, e é exatamente isso que o torna melhor que qualquer outra opção que possa existir, afinal, nunca se sabe o que esperar dele.

                                                         Beijos, até a próxima,

                                                                       Állyce Whitee






CAP 1_  Fim da linha


     O céu parecia mais estrelado do que qualquer outra noite que pude parar para observa-lo.
   Estava escuro. Enigmático. A lua , ainda que tímida com sua platéia, não deixava a desejar transparecendo brilhante e solene entre aos últimos vestígios de uma nuvem negra e carregada.
      Minhas pálpebras fecharam-se permitindo-me mergulhar nas recordações de momentos que me levaram até ali. Havia sentido o quanto tudo valera a pena. Cada decisão, cada segundo , cada sonho... Um leve sorriso repuxou-se em meus lábios lentamente, enquanto levava a taça com champanhe  em direção á boca. Dei um breve gole.
      _ É bom estar aqui... é bom estar com vocês - dei uma pausa`- O céu, as luzes da cidade... meus amigos. Não existiria melhor lugar par estar agora.
         Silêncio. O único som que se ouvira fora sua boca sugar todo o liquido do limão, após o shot  de uma Tequila Ãnejo  descer  doce e suave por sua garganta.
        _ Vai começar. - dissera segundos depois de apreciar o gosto da bebida na boca-  Élly, espero sinceramente que não desenfreie seu sermões irritantemente categóricos e cheio de uma felicidade inexistente.. Please! essa coisa meio nostálgica e totalmente over... meus ouvidos não ficarão á sua mercê pra isso tá bom?... me desculpe mas... é tão deprimente!
         _ Áureo! -reclamei-  porque tão insensível? e meu aniversário lembra? posso dizer o que quiser!
        _ O que quiser , menos a nossa adolescência conturbada... só de olhar pra você vejo que está pretendendo falar sobre ela. Isso é terrível!
        Sua expressão deixara claro a tamanha repulsa por aquele tema indesejado. Virou o rosto.
        Bufei.
          _ Kartty, concorde comigo. - apelei para meu guardião.
           Ele havia virado a garrafa com vinho tinto de uma só vez na garganta esvaziando-a. Fez um sinal positivo com a cabeça.
           _ Ela está certa. - iniciou calmamente fazendo com que meu sorriso surgisse significativamente debochado- Não lembra?  liberdade total  de expressão para o aniversariante... e não vale reclamar, com você tambem não foi diferente... acha que gostei de ficar ouvindo suas queixas ridicurlamentes gay?  NÃO! no entanto não te mandei calar a boca.
         Continuei sorridente e irradiando satisfação. Começara a se irritar.
          _ Obrigado amor... - desci os dedos por sua bochecha carinhosamente- e Áureo não torne a adolescência de todos nós absurdamente frustrante só porque você não foi tão feliz  quanto!
           Seu riso desnecessariamente alto e sarcástico me incomodou.
          _ Não fui eu quem ultrapassou todos os limites do ridículo aos 15 querida... convenhamos... antes gay.
          Meu olhar havia o queimado fisicamente. A leve brisa que bateu fria e carinhosa em meu rosto, fora a mesma que carregou consigo as envenenadas cinzas de seu corpo pálido e esguio. Suspirei.
         _ Reconsidere...
          Kartty apressou- se antes que eu dessa partida à um conflito. Respirei fundo por três vezes.
        _ Como você é amargo... Vou fingir que você está de TPM hoje e ignorar o que disse. só queri citar coisas importantes que aconteceram naquela época... como conhecer vocês... em pensar que no auge de minha total carência tinha pessoas como vocês ao meu lado, de alguma forma já me fazia sentir melhor. Acredite.
          Meu defensor sorrira de maneira predadora pra mim.
          _ Isso foi fofo.
         Áureo continuou soberano e silencioso enquanto fitava o tempo indiferente. Bebia coberto por requinte.
         _ A cerca de treze anos atras estávamos aqui. Sentados, olhando o céu e bebendo sem limites. Rindo sem motivos.. sem se importar com a vida... com o futuro... não tínhamos compromissos com nada. -dei um leve riso- Aquele dia depois da nossa formatura colegial  creio ter sido o mais importante de nossas vidas porque... foi ali, naquele exato momento que descobrimos quem realmente queríamos ser, quem estávamos sendo e quem éramos. O tempo passou e o mais importante de tudo e que ainda estamos juntos. Que a nossa amizade superou todas as mudanças do cotidiano, suportou todas as dificuldades, desafios, obstáculos .. amadurecemos agora, e de brinde vieram as dividas e os problemas -nossas risadas haviam nos descontraido.- mas ok! temos competência para solucionar tudo da melhor forma possivél... ou não. É a segunda metade de nossas vidas meninos, são três décadas, passamos por tanta coisa até agora e sem duvidas passaremos por outras mais. Devemos estar preparados para isso. Se estamos não sei, mas na real?  o que importa? temos um ao outro, se der errado agente enche a cara. larga tudo e vai para Vegas sem pensar nas consequencias... Afinal, daqui pra frente, pra que pensar no futuro? o presente e o que realmente importa, o agora este instante... Então brindemos!
         Nossas taças se ergueram em direção a lua de forma sequencial. meu olhos marejaram-se.
       _ Um brinde á todos nossos sonhos fracassados, aos que deram certo e aos que nem sonhamos ainda. Um brinde á nossas frustrações, á todas as lágrimas que derramamos e aos sins e nãos que a vida nos deu até agora. Um brinde as idiotices que cometemos, um brinde as nossas realizações e desilusões principalmente. Um brinde as derrotas que estão por vir, ao terraço deste prédio decripto que serviu como nossa mãe acolhedora durante todo esse tempo, durante várias etapas de nossas vidas e que nos uniu por milhares de madrugadas. Um brinde á 20 anos de amizade... um Brinde á nos!
        As taças chocaram mediante a noite com meu silêncio. O "PLIM" dos cristais fizeram com que lágrimas de alegria brotassem em meus olhos e escorresse por meu rosto rosado. Viramos o Champanhe de uma só vez na garganta.
          Funguei. o beijo duplo e molhado que recebera nas maçãs do rosto me fez sorrir.
         Abri os braços abraçando- os com força. Meus olhos fecharam-se quando o flash da camera que o kartty tinha em mãos disparou tirando uma fotografia nossa.
           _ Eu amo vocês.. -dissera melancolicamente.
            Eles me puxaram par trás deitando- me no chão entre os dois. Nossas mãos unira-se sob minha barriga.
            _ Bem vinda a nosso mundo!- Kartty comentar sorridente sustentando um tom sarcastico.
            _ A idade já está pesando bebê?- Áureo o acompanhara risonho.
            _ Nem me fale... é uma nova era agora... já estou com cabelos brancos?
             Rimos. Então voltamos a olhar o céu sob a madrugada fria e silenciosa.




             

              Estava me sentindo dez milhões de anos mais velha agora.
              Eu sei, era totalmente sem fundamento da minha parte ficar pensando nisso. Afinal de contas, a noite passada fora só mais uma data dos 365 dias do ano. A data que me concebera o trigésimo ano de vida, mas uma data ainda assim. Sabe, pensando bem, talvez o problema de todas as mulheres que chegam a essa fase da vida não é completar a idade em si, e sim saber que dali em diante estaria cada vez mais perto dos quarenta, e cá entre nós, que mulher desejaria chegar aos quarenta? o que são mais dez anos não é mesmo? tudo passa tão rápido!
              E... Comemorar meu aniversário não vinha me saindo uma boa ideia agora, o que estive festejando alias? a chegada de meus primeiros vincos e rugas? a predisposição total para estrias e celulites? o envelhecimento precoce de meus órgãos vitais? e meus óvulos? estariam em em bom estado de uso ainda? Céus! convenhamos que agora o tempo não pretendia mais correr a meu favor. A cada segundo que se passava no relógio, conseguia me sentir mais flácida e infértil.
              Áureo tinha razão devo confessar. Meu dia mal começara e eu já sentia o quanto pesava minha idade... Trinta ... como se eu precisasse de de tudo isso...
                 Respirei fundo.
                 Analisei a pilha de papéis sobre minha mesa, já me sentindo exausta antes mesmo de pensar em toca-las. Tentei ver o lado positivo de meu trabalho... se é que existia um lado positivo nele... ok! existia, mais ainda assim pensar nisso não havia contribuído muito, só de pensar que teria que responder à  milhares de e-mails, começavam a me faltar palavras que fossem o suficiente para suprir tudo isso. Quis correr pra casa e abraçar meu travesseiro quentinho e macio novamente.
                 Estava me deparando com mais uma segunda-feira, e sinceramente, ainda não conseguia considerar esse fato com bom ou ruim. Apertei os olhos.
                    _ Hum... você chegou.
                   Sua voz totalmente desprovida de uma tipica agitação sem motivos aparentes, não havia me surpreendido. Áureo fechou a porta cuidadosamente evitando o minimo sinal de ruído e caminhou em minha direção. Beijou a maçã de meu rosto  de maneira carinhosa e se sentou na cadeira estofada cruzando as pernas com elegância. Suas mãos apoiaram sua cabeça sob a minha mesa. Fez uma careta.
                   _ Que dor!- disse baixinho. Sua voz estava aos rastros. Num sussurro.
                   Ajeitara os óculos escuros nos olhos e suspirou.
                   _ Essa é a mãe de todas as minhas ressacas... eu disse que não seria boa ideia tomar todas em pleno domingo.
                    Parecia dizer aquilo a si mesmo com o tom de seu murmurio.
                   _ Imagino - tentei ser compreensiva ao acompanhar seu tom- mas você sabe que Kartty é extremamente convincente quando quer ser.
                     Me ajeitei na cadeira. O olhei.
                      _ Eu sei. Mas isso é porque não me viu sem os óculos, pareço um cabide de tantas bolsas penduradas nos olhos... -deu uma pausa- e você amor? parece bem disposta... GRRRrrr! - rangiu delicadamente os dentes- que inveja de sua total indulgência ao álcool!
                         _ Não pense assim. Minha noite foi horrível! Dormi por miseras três horas, tive enchaqueca, estou com bolhas enormes nos pés  e repulsa total a qualquer tipo de bebida.
                           Ele tentara rir sem muito sucesso. Voltou a apoiar a cabeça como se ela fosse cair a qualquer momento. Eu quem rira agora. Mas com prudência.
                           _ Não devia ter vindo.
                           _ Impossível. Tenho que acompanhar a sessão de fotos para minha próxima matéria e a Lis Áuren não funciona sem mim.
                           _ E o que poderia fazer para estar aliviando um pouco de todo esse seu martírio?
                          _ Tirar esse casaco totalmente fora de moda e desnecessário. Eu sei que São Paulo é frio, mas o sol esteve castigando hoje logo que o dia amanheceu, e você não pode usar nada da concorrência! a não ser que seje Prada... Colcci ou  H. Ster, tenho que confessar que a coleção nova está ótima.
                          Fiquei paralisada. Cética. Vidrada a sua imagem totalmente Fashion e abatida.
                          _ Vai querida! Não tirou ainda porque? Vamos! Vamos! Vamos! Movimente-se!
                          Meus olhos vagaram pela sala brevemente. Suspirei com pesar irradiando minha completa falta de paciência.
                             Eles reviraram-se o ridicularizando....
                              _ Piz! Não faz assim pra mim! Devon! Paara!
                              Bufei. Voltei a fita-lo.
                             _ É para seu bem amor, e principalmente para o bem de quem convive com você.
                      Levantei com cara de poucos amigos e abri bem lentamente os botões de meu casaco. Tirei-o.
                            _ÔH céus!  Pelo visto o nível em escala catastrófica da poluição visual é bem maior que eu imaginava. Começo a me deprimir com tudo que vejo! Já disse que estampas florais não aguçadas não combinam com você, muito menos com o seu trabalho aqui na editora! vista o casaco logo, antes que alguém veja!
                               _ Aurélio!
                              Havia ignorado toda minha insigne e transparente irritação de um modo que me deixou mais irritada.
                            _ Perdoe-me bebê, a culpa é minha -suspirou- jamais deveria esquecer sua total falta de senso crítico tratando-se de moda e seus dependentes.
                               Bufei. Voltei a colocar o casaco com fúria notável e me sentei. Estava sombria.
                              _ Sou um péssimo amigo - continuou seu sermão detestável de forma melodramática- como posso deixar minha melhor amiga comprar algo em qualquer lojinha de esquina?
                               Começei a me sentir um monte de nada com aquelas palavras.
                               _ Como eu...
                               _ Cale-se! -alterei-me- Não pode entrar em minha sala e criticar o que eu uso ou não. Tudo bem, meu senso de moda não é tão estridente assim, eu nem tenho. mas acontece que nem todo mundo tem meios financeiros de possuir um lenço bordado a fios de ouro no pescoço.
                              Ele tocou com sutileza o tecido que envolvia-lhe  e silênciou-se.
                              _ Perdoe-me tanta cafonice Mister elegância! Jamais deveria esquecer tamanha sensibilidade de vossos olhos mediante roupagens de baixo custo! - o fitei- Creio que é melhor  medir coerentemente suas palavras  comigo, ou serei capaz de amordaça-lo com o próprio nó francês que está em seu pescoço!
                             Me olhara assustado. Levantou-se num salto.
                             _ Que bruta! Devon por favor controle-se! Está totalmente fora de seu normal!
                             _ É, você tem esse esse poder... de me tirar do sério... e controle-se você!
                            Sua expressão havia redimido-se. Suspirou profundamente.
                           _ Ok bebê, eu me rendo, perdoe-me pelo equivoco, me excedi, mero momento despretensioso, por favor reconsidere.
                           Bufei.
                           _Tudo bem... mas não pense que acredito na possibilidade de suas palavras  como despretensiosas ou inocentes, muito pelo contrario... e coloque logo esses óculos sua aparência está monstruosa.
                         Ele apressou-se com o acessório de avos verde encaixando-o no rosto.
                         _ Não comente. - Ainda pediu delicadamente.
                         _ Não vou, agora poderia ir? Tenho muito trabalho.
                         Ainda sustentava uma expressão amarga. Ele pensou por uns instantes.
                          _ Está tudo bem entre nos dois certo? 
                          _Sim. Está.
                          _Jura?
                          _Sim, já disse.
                          _Sem ressentimentos?
                       _SIM  AURÉLIO! sem ressentimentos, mágoas ou algo do gênero! Agora vai você está me irritando!
                          Aquilo fora extremamente perto de serem gritos. Ele sorriu.
                          _ Ótimo.Então bom trabalho bebê.
                          Havia se virado em direção a porta. Caminhou com passos lerdos em direção a ela, e acenou pra mim antes de se retirar.
                           Me aliviei.
                           Quando não estava a me fazer pelas paredes, Aurélio se tratava de um bom amigo. Verdade, por traz de toda aquela nojeira e pompa, batia o coração de alguém compreensivo e amigável. 
                             Além de proprietário de uma grife, exercia a função  de editor de moda na mesma empresa que eu. Ainda por fora fazia o papel de Personal Stylist quando lhe surgiam propostas. E elas não eram poucas. É. Ele realmente não precisava de tudo aquilo, ou sequer tinha tempo, mas tratando-de de Aurélio nada era demais. Mesmo porque todo aquele esforço e ocupação não lhe remetia somente a dinheiro, mas a paixão incondicional que tinha pelo que fazia.
                                Desde que me entendo por gente o Áureo sempre foi hiper antenado em tendências... cores, recortes, modelos... Por varios anos durante a adolescencia eu havia me tornado manequim oficial dos modelitos mais ousados que criava. As vezes excêntricos confesso. No fundo, sempre soube que ele seria um profissional de sucesso naquilo que escolhera. E que todo o martírio na qual se submetera silenciosamente por anos, lhe renderia bela recompensa um dia. E chegou. Nos ultimos tempos ele só estivera colhendo os bons frutos das sementes plantadas no passado. Frutos esses que não puderam mudar em aspecto algum sua essência.
                                 O Áureo sempre foi divertido, alto astral, contagiante... sempre foi dono de um humor épico e positivo. Riamos muito de suas breves e aventureiras experiencias amorosas, de suas briga enlouquecidas e principalmente das atitudes sempre tão imprevisiveis.
                                  Meu amigo não tivera vida fácil. Não demonstrava isso porque queria poupar Deus e o mundo d e seus problemas. Perdera a irmã a puco  vitima da câncer, convivia com a rejeição afetiva dos pais constantemente e ainda tinha uma bando de sanguessuga  como familia.
                                  Eramos seu único refugio. Eu, Kartty e a Lis Áuren.
                                  Suspirei.
                              Me concentrei na tela de meu Notebook  sobre a mesa e procurei não surtar mediante tanto trabalho.
                             Ver aquela pilha de envelopes se amontoando a cada dia mais em minha estante e a caixa de E-mails completamente inundada de mensagens me dixava nervosa e sem reação.  
                                Eu queria dar conta de tudo aquilo.
                               Eu queria dar atenção à todas minhas leitoras. Elas que me confiavam tão sábia a ponto de me confiar seus mais complexos problemas amorosos. Necessitavam de minha opinião,  e a pobre Állyce não estava dando conta de tanto recado. Mas eu gostava daquilo. Gostava de ser útil, de ajudar as pessoas em algo, me fazia sentir verdadeiramente incrivel.
                            Mas por outro lado, meu papel de super heroína não passava de uma medonha e detestável farsa. 
                              No fundo, bem no intimo, eu sabia que não estava tão feliz assim com meu trabalho. Eu, Devon Állyce Whitee, era só mais uma jornalista frustrada assim como várias outras pessoas neste mundo de pura ilusão. Particularmente sempre alimentei profunda decepção por não atuar exatamente na área em que desejei a vida toda. E por pura ironia do destino, ou sacanagem creio, acabei totalmente anonima por traz de uma coluna de revista feminina. Bancar a sabe tudo no ramo de relacionamentos sem dúvidas fora a maior idiotice que cometera nesses trinta anos de desventuras em série. De minha existência. 
                     Era tudo mentira.
                     Não era segredo que eu sempre tive problemas sérios com o sexo masculino.
                     Que sempre fui insegura, desconfiada, e diga-se de passagem que minha auto-estima nunca me ajudou em nada. Era péssima em relacionamentos, minha vida á dois sempre foi fúnebre e inexistente. E acredite ou não, jamais me preocupei em mudar isso em aspecto algum.
                Sinceramente nunca compreendi muito bem toda essa minha aversão ao sexo oposto.
         Não sei se tudo isso se devia a intolerância minha... ou trauma talvez... Mas considerando que minha experiencias hétero afetivas são um fracasso desde a adolescência,  minha assexualidade que dura a cerca de 8 anos, é um ótimo pretexto para me manter longe dos insaciáveis lobos.
              Sabe, as vezes pegava-me questionando essa realidade. Afinal, eu quem corria dos homens ou eles quem corriam de mim?  E... talvez esse fosse mais um dos grandes mistérios de cosmo terrestre cujo nem mesmo a ciência era capaz  de desvendar.
                 Eu nunca fui linda. Sexy. Atraente ou mesmo interessante. Não era engraçada, divertida, ou conseguia manter as pessoas por muito tempo atenda a mim e ao  todo besteirol que saia de minha boca. Nunca fui conquistável. Desejável,  beijável, adorável ..talvez nunca tenha sido realmente uma tipica mulher.
                    O meu primeiro namoro foi algo totalmente improvavel. Ele era lindo , popular altamente risonho e o mais importante: me suportava. Durou trinta dias, e confesso ainda questionar Kartty porque namoramos nesse periodo de tempo.  Creio que foi por piedade. Recordando o meu passado juro que até eu namoraria comigo mesma. Por pena.
                    Aos vinte conheci o Pétrick.
                   Ele não era tão bonito quanto o Kartty,  mas estava sempre  alegre. Sempre foi inteligente, fiel ( até que me provem o contrario) e me fazia sorrir muito. Depois se de cinco meses de uma relação baseada em pura felicidade revelou-se gay, daí a magia acabou.. bem ao menos pra mim. Ainda acredito que de alguma forma  Àureo o influenciara nisso. Desde então não mais confiei meus pretendentes a meu melhor amigo.
                    Aos 21 namorei o Jimy.
                   Haviamos nos conhecido na faculdade. Ele nem era bonito, inteligente ou engraçado. Mas pelo menos não era gay o que já contava muito pra mim. Com ele aprendi todos os significados ligados a prazer.  Talvez por nosso relacionamento estar sempre baseado em sexo que a relação não durou muito alem do que foi. Apesar de no fim eu sair feito o Alce da história, devo confessar que foram 12 meses quentes.
                 Desde então, começei a crer que independentemente do cara que eu me envolvesse daria errado. E o problema  no entanto nem fosse só a falta de mercadorias em boa qualidade na prateleira, mas meu dedo podre para selecionar elas. 
              E de lá pra cá só tive mais certeza disso. Dos 36 caras que conheci 4 tinham beleza surreal e cérebro inexistente. 6, eram movidos a fantasias sexuais excêntricas e masoquistas. 13, assim como o Charlie de  Two and a Half Men pensavam com o pênis, e como já dizia o Alan 
 " o pênis deles não eram assim tão inteligentes" ou satisfatórios devo completar. 5 usavam pochete. 7 eram casados , e somente um havia me feito suspirar a noite inteira. Mas depois de dez encontros e uma transa inesquecivel, descobri que eu não era a única com quem ele andava se divertindo por aí. Ok, ao menos eu era a única que não pagava. Deveria me sentir melhor por isso?  Então mais uma vez vi minha inutil esperança de  uma tal felicidade se dissipar no ar feito fumaça.
               Era obvio. Estava tachado no meu livro da vida que  essa coisa de vinhos e lingerie nunca daria certo comigo. Eu era incapaz de amar, ser amada ou ter uma vida conjugal plena, sólida satisfatória e feliz.   
                  Suspirei aparentemente desanimada. Abriram a porta.
                 _ Afogada em trabalho Senhorita Whithee?
                 Sua doce presença fez acalentar toda minha repugnância e ódio   pelos homens do universo. Ele abriu um sorriso largo e gentil em minha direção desorientando-me totalmente.
                  Onde estariam minhas coordenadas agora?
                _ Bom dia Senhor  Dáymond! _ Levantei para comprimenta-lo- como está?
                 Apertamos as mãos brevemente.
                 _Bem , e a senhorita?
                 _Na medida do possível... mas como foi de viagem? Soube que as noticias são boas.
                 _ Excelentes na realidade. Fiquei feliz por conhecer Florianópolis, a Capital de Santa Catariana e mesmo linda... tem natureza deslumbravelmente invejável. Eu recomendo.
                 _ Mesmo?
                 _ E... não tem ideia do quanto - suspirou pensativo- mas é uma pena que não tenha sido uma viagem turística... entretanto  respondendo sua pergunta, as questões relacionadas a revista estão a todo vapor, fundir a S.M a Mais Ousada tem me saído um truque de mestre  para duplicar o numero de leitoras, ou quadruplicar quem sabe. Pressinto que será um bom negocio... espero estar certo.
                Sorri.
                 _ O senhor tem feito tudo tão bem até hoje. Não creio que seria vacilante agora.
                 _ Obrigada Devon.... é sempre bom ouvir esse tipo de coisa. - deu uma pausa- e o trabalho como anda?
                   Sentei-me sem desfoca-lo um segundo sequer.
                  _ Como sempre... os homens cada vez mais previsíveis.
                  Ele rira.
                  _ Não me surpreende. Vocês mulheres, sempre tão superiores, estão a par de tudo.
                  _ Não é exatamente assim. Cada um exerce sua função com a competência que pode. Alguns homens preferem ver somente aquilo que lhe é conveniente, e por isso muitas vezes acabam por perder sua majestade. 
                    Ele olhou dentro de meus olhos brevemente e sorriu para mim de maneira encantadora. Derreti.
                   _ Adoro suas filosofias senhorita Whitee... mas largando um pouco de ldo a guerra dos sexos vim lhe parabenizar.
                   _ A mim? - estava realmente surpresa.
                   _ Sim. Não me esqueci de seu aniversário... como não estava aqui trouxe uma lembrança.
                  Ele abriu a pasta preta que tinha em mão sobre minha mesa, e em seguida tirou um pequena caixa preta com laços de fita vermelha, colocando a minha frente enquanto esperava que de alguma forma esboçasse alguma reação.
                 _ Espero que goste..
                 Eu quem sorrira agora. Puxei a fita com cuidado e desembrulhei meu presente.
                 _ Sidney Sheldon... é um dos meus autores favoritos.... como soube?
               _ Confesse... - dissera com aquele sorriso irresistível nos lábios que ma fazia derreter- nem todos os homens são previsíveis.
                  _ É péssimo ter que concordar com isso mas... tudo bem, você venceu. É uma grande excessão acredite... Fico grata que tenha se lembrado de mim. O senhor é um homem tão ocupado e ainda assim se preocupou em me presentear com algo. Adorei, vou ler, reler e guardar com carinho.
                   _ não tenho dúvidas disso senhorita Whitee - deu uma pausa- bem, irei questiona-la a respeito da história daqui mais algum tempo, e fico feliz que tenha gostado... mas não quero atrapalha-la agora... nos falamos mais tarde.
                 Sorri. 
                 _ Ah! claro. E obrigado de novo.
                 _ Não tem de que.
                 Seus lábios esboçaram um leve e encantador sorriso em minha direção antes de dar-me as costas e caminhar elegantemente até a saída.
                  Certo. Eu não era totalmente incapaz de amar. Esse detalhe poderia ser hipoteticamente mais uma das mentirinhas exageradas que costumava dizer quando estava em crise.  Mas, ao  menos referindo-se a Andrew Dáymond,  meus sentimentos eram resvalavelmente relativos. Meu chefe era lindo, educado, inteligente maduro... o tipo perfeito.  Além do mais  preenchia toda minha lista de requisitos que meu homem ideal obrigatóriamente deveria ter. E além de tudo, gostava de mim simplismente pelo que eu era.  Necessitava algo mais?? NÃO.  Andrew  fora feito sob medida. Perfeito e apaixonante.



                                                      Querida Lisa,

                 Fico feliz por saber que as coisas estão dando tão certo entre você e o Michael.  Me sinto realizada por ver que meu trabalho tem ajudado você e á todas amigas que tem me escrevido durante esse  curto periodo de tempo no qual  assumi a coluna da revista.
             O efeito de meus conselhos na vida das mulheres deste Brasil inenarravelmente amistoso e algo que me emociona e orgulha.
                Mas acima de qualquer coisa, espero que realmente tenha compreendido o quanto confiança e respeito mútuo são fundamentais para boa convivencia do casal, e principalmente para a harmonia de toda família. A vida a dois é muito mais complexa do que parece ser, então é importante que entenda todo o contexto do que lhe passei e leve isso no dia a dia de vocês para sempre.
         Ah! levar as diferenças de ambos da maneira mais flexivel possivel tambem é essencial.
          Procurem sempre inovar na relação. Apimentando, ousando... enfim, sair totalmente da rotina as vezes é bom, sem falar que entre quatro paredes vale tudo! E não se esqueça de conciliar  um tempo com  os filhos.
             Então vai lá garota! sei que você sabe exatamente o que fazer  para manter aceso o fogo desta louca paixão.

                           Felicidades e Boa Sorte,
                                                                   Állyce Whitee.



         As vezes confesso que conseguia odiar meu trabalho.
         Definitavamente não havia dedicado todos aqueles anos na faculdade  para acabar totalmente anomia atras de uma pilha de cartas, uma caixa de e-mails abarrotada e um personagem ficticio que me soava como um completo atraso de vida.
              Não. Eu não estava reclamando, mas havia passado os últimos anos fazendo aquilo sem parar um segundo sequer... estava cansada, e particularmente nunca considerei aquilo como algo realmente promissor para minha carreira jornalistica. para de ninguem na realidade.
             Era só algo temporario entende? e de repente,   creio que já tivesse passado da hora de me confiarem uma matéria mais séria. Algo que não retratasse  mulheres , homens e seus conturbados e tão previsiveis relacionamentos frustrates.
               Não se tratava de orgulho, era só senso de oportunidade. E cá entre nós, sem sombras de dúvidas oportunidade era o que parecia nunca bater em minha porta naquele lugar. E certamente não aconteceria tão cedo.
                Céus! eu precisava muito me desligar de tudo aquilo! E ver todas aquelas histórias se amontoando cada vez mais ao meu redor, feito um monte de roupa suja não vinah me ajudando muito.
              Quando finalmente me livraria de Állyce Whitee??
               Bateram na porta suavemente.
               _ Entre.
               Abandonei o que fazia e voltei toda minha atenção a porta. Sorri.
               _ Oi Zoe! Bom dia!
         Ela respondera-me gentilmente e caminhou em direção a porta coberta por uma elegância admirável.
              _ Meus e-mails estagnaram... acho que já passou da hora e uma bela limpeza... pode pedir para dar uma geral pra mim?
                 Seus olhos analisaram cautelosamente minha mesa farta, e perderam-se em meio tanta bagunça. balançou a cabeça. Sentar-se.
                  _ Pode deixar. Aproveito e peço algumas amigas que parem de lhe enviar tantas cartas... e-mails... deve se sentir exausta só de olhar apar esses papéis.
                Emfim alguém que me compreendia!  Ri.
                  _ Sem dúvidas... mas por favor não faça isso. Enquanto essa mesa se manter cheia evito de cair em inadiplencia... e acredite é tudo que não quero.
                    _ Claro... quem quê? Mas, é impressão minha ou elas tem aumentado nos últimos dias?
                _É. o indice de relacionamentos sérios costumam ter quedas drásticas e significativas com as proximidades do fim de ano. Creio que tem algo a ver com os hormonios sabe... estão todos tão  afim de pegação e sexo inconsequente que  acabam deixando um pouco de lado aquilo de "amor verdadeiro".
               _ Os homens em especial... ao menos na maioria das vezes. Tão tolos. Tão cegos!
                 Suspiramos juntas e ritimadamente.
               _ Bem, você tem visitas.
             Aquele sorrisinho enigmático, cheio de uma animação inemotivada e desconhecida, me fez imaginar um possivel erro que pudera ter cometido naquele instante, para tamanha eloquência de suas palavras.
               _ Espertinha! porque não disse nada?
               Ok.  Era oficial. Realmente  algo de muito errado e de meu total desconhecimento estava acontecendo.  O que exatamente pretendia dizer com aquilo? Me manter ausente à uma parte de história que de alguma forma envolvia-me, rendera uma bela e sinuosa exclamação na testa.  Fiquei 'boiando'.
               _ Desde quando vem bancando a 'papa- anjo'?
               Quis vomitar naquele exato instante. Papa- anjo? EU?! Por onde ela estivera andando nos últimos anos? Alias, por onde Zoe não estivera andando.
                  _....
                  _ Não mente! já está todo mundo sabendo.
                  Não escondi o quão pasma estava coma noticia.
                  _ Sabendo? sabendo do quê? do que voce esta falando?
                 _ Não negue. - continuara alimentando aquelo sorrisinho coberto por malicia no rosto- não se preste a isso. Tem um cara cheirando a leite lá fora que insiste em falar com voce.
                  _ Comigo? -disse surpresa.
                   _ Existe outra Dévon por aqui?
                 Fiscalizara minha expressão desesperada.
                  _ Foi o que pensei. Vai atende-lo? Se quiser posso despachar você sabe.
               Ainda não estava totalmente integrada aos fatos cujo ela acabara de me mencionar. Mas de qualquer forma, de imediato eu soube que a melhor solução seria ir pessoalmente até a recepção, e resolver tudo ligeiramente antes que acontecesse uma tragédia com minha reputação. Se é que uma grande desgraça já não teria acontecido.
                 Levantei da cadeira bruscamente e caminhei em direção a porta com passos pesados. Girei a maçaneta com ânsia por entre meus dedos. 
                 Eu não me relacionava com ninguém á décadas. Então porque pensariam que eu, justo eu, estava me envolvendo com alguem assim, tão absurdamente e absolutamente mais jovem? Tirando o fato de me esperarem ansiosamente lá fora, nõa existiam motivos suficientemente convincentes para persuadirem isso de minha sensata e centrada pessoa. Eu nunca deixára nada a desejar para que minha integridade moral fosse questionada da maneira cujo estava sendo naquele momento. E pior, nas minhas costas.
                     Continuei minha rota pelos corredores sem ao menos piscar. Pressentia que um passo em falso sequer seria ovacionada pelos quatro cantos do mundo.
                         Céus!  me sentia o ser humano mais sujo do mundo.
                         Virei o centro das atenções ao estar frente a frente com meu suposto affair.  Minha platéia almejava qualquer esboço afetivo. Me pedrifiquei.
                         Ele sorrira delinquentemente pra mim. O fuzilei da cabeça aos pés. Se aproximara mais de braços abertos e me envolvera num abraço cheio de más intenções.
                              _ Oi amor! estava morrendo de saudades de você.
                           Aquelas palavras não haviam significado nada mediante o beijo voluposo   e molhado que dera em minha bochecha direita. Senti minha pele queimando no exato lugar onde seus lábios se desprenderam.
                            As risadinhas um tanto significativas deixaram-me vermelha. 
                         _ Precisamos conversar _ ele ainda sussurrou ao pé de meu ouvido antes de me soltar.
                          Entraria numa cratera caso ela se abrisse mediante meus olhos. Era oficial, eu deliberadamente me tornara uma trintona pervertida que adorava se aventurar com jovenzinhos. A máscara de Dévon Állyce Whitee viera ao chão finalmente. Não havia a onde se refugiar. Não havia esconderijos a recorrer... Ai de mim...
                       _ Achei que gostaria de me ver Dévy - continuara sinicamente sorridente´- está radiante!

              _ Obrigado. -cuspi entredentes- Porque não vamos a minha sala?
              Aquelas palavras soaram quase ameaçadoras. Ele havia compreendido. Se recompora sério.
               _ Ah!... Claro.
            Era evidente que minha platéia interpretaria cada silaba do que havia dito  como um ' vamos trancar a porta e sacudir a mesa'. Como diria aquele cara do seriado: trágico.
               Agora só m restava simplismente correr.
               Ele me seguiu com passos intermináveis e lentos até a porta de minha sala. Ainda  em seguida, mostrou-se descontraido e despreocupado com toda  a irritação que irradiava por cada centimetro de meu rosto. Atravessou a soleira da porta passando por mim, e se direcionou a minha mesa com tanta propriedade, que me deixou  surpresa por uns segundos .  Ele nunca entrara ali. Sentou-se.
              Meu olhos queimaram-o  fisicamente. Sorrira apenas. Cruzei os braços demonstrando minha total impaciencia para brincadeirinhas.
                 _ Tenho quatro coisas a lhe dizer.-iniciei sem desfoca-lo- primeiro não me chame de amor. Segundo, pare de agir como se mantivessemos algum tipo de relacionamento amoroso. Terceiro, porque gosta  de me fazer passar vergonha?    Quarto, está fazendo o que aqui?
                  Agiu como como se não ouvisse absolutamente nada do que dissera. Continuou sorridente, e seus olhos vagavam curiosos pelo espeço sem perder um detalhe sequer. Suspirei.
                  _ Adorei sua sala. - comentou aparentemente inocente.
                   _ Christian! - me alterei.
                    _ É sério. Só acho que...
                   _Ou começa a falar a que veio, ou te jogo a pontapés janela abaixo. 
          Ele rira.
                      _Seria engraçado... você, sempre tão controlada. Mas creio que não vai ser agora que vai perder a cabeça. Só queria rever minha namorada... você sabe, o primeiro amor agente nunca esquece.
                        _ Cala a boca e fala logo! a verdade digo. Não percebe ? Estou quase surtando com sua presença aqui!
                           _ É. Você vem mudando ultimamente. Definitivamente não é a mesma Dévon que conheci á dezenove anos atrás... mas, decepções amorosa a parti, vim porque preciso falar sério com você.     
                              _Sério...
                  Disse temerosa. Tratando-se dele em especial poderia esperar qualquer coisa.
                              _ Sério. Tipo, muito sério.-suas palavras foram ditas com pesar notável.
                               _ Muito sério. -repeti- Ok, o que você fez desta vez?
                Todo aquele seu cinismo desaparecera dando espaço á uma expressão revoltada.
                             _ Ei! Peraí. nem mencionei os fatos e ainda assim já me considera culpado? Ok, não que eu realmente não seje, mas poderia ser inocente não acha?
                               _ Você? -ri ironicamente- tá bom.
                                _ De qualquer forma não significa que não tenha direito de defesa.
                                 _ Defesa? - o olhei-  claro! -bufei aliviando a tensão dos braços  enquanto os descruzava- as velhas e incuráveis leis jurídicas.
                                      _ Idem... e dali democracia.
                         Ele se endireitou na cadeira e suspirou enquanto vasculhava  meus papéis espalhados sobre a mesa sem propósito algum.
                                         _ o que vou dizer não é nada surpreendente, alias é bem típico - sorrira levemente em minha direção- sua irmã me expulsou de casa.
                              _ De novo?
                               _ Pois é... sabe que isso foi a mesma coisa que eu disse quando vi minhas coisas jogadas no quintal?
                          Caminhei em direção a janela .
                     _ Simples . Você volta pra casa e tudo resolvido.
                      Ele quem rira agora. E com vontade.
                      _ Desculpas? até parece que você não me conhece!  Depois a Denise não merece meu arrependimento. Nosso caso é definitivo.
                                        _ Não, não é. Nunca é.
                          _ Humm... então diz isso pra ela. Considerando que ontem a noite achei todas minhas coisas amontoadas no quintal de casa, sinceramente não consigo consigo compreender o que você entende por definitivo. Lembra última vez? alias, você disse a mesma coisa.
                         Suspirei. Aquilo era verdade.
                  _ Ela só está um pouco irritada.
                Seus olhos reviraram-se para o teto desfocando-se dos meus. Sorriu debochado.
           _ Como sempre... sabe, se eu a colocasse para fora de casa todas as vezes que me irrito com ela sem dúvidas ela viveria na rua. Denise está louca. Cada vez mais. E parece que só eu percebo isso. Ela vai surtar a qualquer momento. Anote isso.
                         Deu uma breve pausa. Sorrira como um maniaco para o nada.
                    _Disse que não me quer ver nem pintado de ouro... e soa engraçado pra mim, afinal sempre achei que isso fosse mais real  como "cravado de diamantes" na realidade. E analisando os valores  agregados a um e outro, a diferença é consideravelmente significativa... se é que me entende.
                      Toda os traços que compunham sua expressão sarcástica, deixava notavelmente explicito sua indiferença mediante aquelas palavras. Bufei.
                     _ E me procurou porque? -questionei  sustentando uma seriedade obvia- até agora rodamos, rodamos e ao menos chegamos a um ponto definitivo. Ao menos nada que fizesse sentido.
                     _ Você sabe. Eu não posso viver na rua... e ficar hospedado na casa de amigos feriria meu orgulho demais... não queria pedir isso, a última vez que passei anoite em sua casa as coisas se complicaram muito, mas...
                          _ Que bom que sabe. - interrompi antes que terminasse- Denise e eu já temos conflitos demais. E acobertar você lá em casa mediante um crime no qual você já se confessou culpado, seria mais motivos para que iniciássemos uma guerra familiar desnecessária. Ela vai dizer que estou te  protegendo quando deveria ser incriminado, o que não é verdade.
                          _ Qual é... só tenho você agora... sabe que não poderia sobreviver muito tempo sob as éticas, morais e bons princípios de Carmencita Whitee - deu uma pausa- também ela já me expulsou uma vez e a segunda seria fácil.
                              _ O que não me espanta.
                              _ Mas isso só aconteceu depois do senhor seu pai se queixar com ela. Eu disse que ele tava num velho caquético e gagá, e acho que não gostou muito da brincadeira... bem tive meus motivos... e confesso que não era tão brincadeira assim. Já notou que as pssoas ficam mais felizes quando omitimos coisas?
                          O olhei pasmada. Ele era mesmo inacreditável.
                     _Nã0 acredito que você...
                     _ ELe me irrita! - tentou se defender- aquele dia ele ficou me cutucando o tempo todo, daí uma hora acabei explodindo. Segurei muito até... e ele mereceu.
                            Silêncio. Balançei a cabeça negativamente ainda sem engolir os motivos que o levaram a cometer aquela audácia.
                 _ Titia, você sabe que meus problemas com o vovô já se arrastam à 18 anos. Não querendo aliviar a sentença da Denise, que alias não é pequena. Você sabe que o vovô é o principal motivo que leva a mamãe me odiar tanto.
                   Deu um pigarro. Ficou pensativo enquanto escorregava os dedo por meus papéis freneticamente.
                    _ Sem acusações. - Disse enquanto abandonava o ar de durona. Estava compreensiva agora- Sabemos que a Denise não odeia você, e o papai muito menos. Precisa entender que todos nós passamos por uma fase complicada aquela época. Ela jamais vai te odiar. É sua mãe . Te ama. Só não consegue lhe dá muito bem com você,  por a relação de vocês ser meio... instável. Ela tem 32 anos, é normal que se sinta assim mediante sua rebeldia.
                                _ ÓTIMO! voltei a ser culpado.- Me olhou- Então me explica porque ela consegue se dá tão bem com a Bia.
                                 Suspirei.
                        _ São circunstancias extremamente opostas. Tem idéia de como pra ela foi difícil ser mãe aos treze? Eu estava lá, eu vivenciei o drama com ela e acredite você não suportaria se estivesse no lugar dela.
                      Seus olhos voltaram ao nada novamente. Como se tentasse viajar a algum lugar que não o pertencesse. Um leve sorriso iluminou-se no canto de seus lábios deixando-me mais aliviada com toda a tensão do assunto que abordávamos.
                      _ Eu entendo isso. Mas não me julgo culpado por a vida dela ter caído em decadência. Queria me entender com ela, que no minimo nos falássemos feito gente. Ela tá mal com toda essa coisa do divórcio... queria poder ajudar de alguma forma... Todo mundo pode acha r que não me importo mais não verdade.
                             Caminhei em direção a ele lentamente e sorri quando toquei seu ombro afagando-o carinhosamente.
                                  _ Eu não pensaria ao contrario. Precisa mesmo dar força á ela... mas mudando de assunto, onde você está?  onde passou a noite?
                             _ No jardim. E acredite ela fez questão de acionar o irrigador durante a madrugada. É perversa.
                              Não havia ficado surpresa com a maldade de minha irmã  mais velha.
                                       _ Bem a cara dela convenhamos. Talvez possa ficar la´em casa até que as coisas se resolvam, eu não deveria mas...
                                  Ele saltou da cadeira  abraçando-me com força  e beijou meu rosto antes concluisse minha fala. Estava satisfeito com nossa conversa.
                                        _ Valeu tia! você é o máximo! sempre me salvando...
                                    _ É... sinceramente não consigo ver o que seria de você caso eu não existisse.
                                  Christian suspirou profundamente e soltou o ar dos pulmões nitidamente aliviado. Soltou-me. Voltou a me abraçar.
                    _ Cara porque não sou seu filho...- perguntara a si mesmo.
                   _Porque eu jamais seria mãe aos treze - respondi em meu a uma risadinha- mas preciso trabalhar agora...
                      Me soltou. Sorriu.
           _ Pegue a chave reserva na portaria e comporte-se até que eu chegue. Isso parece difícil?
                _ De maneira alguma... nos vemos mais tarde então.
                     Beijou minha bochecha novamente. Então voltou a esboçar um sorriso gratificante nos lábios, e se afastou caminhando em direção a porta. Acenou.
                        Confesso. Sempre tive uma queda altamente materna por meu sobrinho. Todo aquele zelo, tudo aquilo de proteção, amor e carinho excessivos.. me tornava meu que uma mãe de verdade.  eu gostava de ser titulada assim. Afinal durante toda a vida havia o afugentado em meus braços, cedido colo , atenção tempo... Denise havia o rejeitado desde que soube da gravidez, e se eu não tivesse a apoiado ou intercedido em seus momentos surto emocionais certamente o Chris não estaria ali para me abraçar como havia me abraçado. Beijado. O aborto fora sua principal ideia até finalmente ele tivesse nascido. Talvez seje por isso que tenha o adotado de certa forma. Ele era tão pequeno e frágil... precisa de mim, de meu amor, minha proteção... não poderia suportar ver a carencia daqueles olhos acinzentados e continuar como platéia. Então tomei o papel principal.
                                   O fato de sermos tão próximos, incomodava Denise de uma forma absurda, e ela nunca havia procurado um meio de esconder isso, ao contrario, divulgaria em outdoors se necessário. Sempre considerei esse um dos principais motivos dela ser tão distante do filho. Ele gostava de mim, preferia não se entender com a mãe a abalar nossa relação.
                                  De qualquer forma tanto eu quanto minha irmã, sabíamos que  sua relação com Christian nunca atingiria o nível que sustentávamos. A solidez. Ao menos não se ele realmente não estivesse disposto a isso.
                                     Então me sentei em minha mesa novamente  esticando os braços para cima, enquanto mais uma vez tentava continuar meu trabalho de maneira eficaz. Procurei não ficar remoendo os problemas familiares em minha cabeça agora. 
                                               Respirei fundo. Voltei exatamente aonde havia parado.


















                    CÁP 2_ Até que morte nos separe

                                                        

 " Viviamos em mundos diferenets e distantes antes que Deus unisse nossos caminhos. O afeto tornou-se uma amizade pura e sincera. A admiração num amor grandioso e sublime. A partir de então decidimos que não ficariamos mais longe um do outro."

                  Familias       Lima     e      Albuquerque
                                                          
                                      Convidam para o enlace matrimonial de
     
                                            Julius             e             Roxane            



           Dei uma pausa em minha leitura. Senti como se um filme rodasse por minha cabeça.
       _ Ela vai casar...







                             

                    
   
     


2 comentários:

Anônimo disse...

adorando o texto parabens! e termina logo o primeiro capitulo to curiosa! rsrsrs

Unknown disse...

Obrigada... que bom que está gostando, prometo terminar logo o primeiro capitulo, mas e pq ele e um pouco grande, pra vc ter ideia nem terminei de escrever ainda...

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Viajar pela leitura
sem rumo, sem intenção.
Só para viver a aventura
que é ter um livro nas mãos.
É uma pena que só saiba disso
quem gosta de ler.
Experimente!
Assim sem compromisso,
você vai me entender.
Mergulhe de cabeça
na imaginação!

Clarice Pacheco